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Festival Rompendo Cercas: Ação Comunitária Contra a Devastação Capitalista na Mata Norte de Pernambuco

Festival Rompendo Cercas: Ação Comunitária Contra a Devastação Capitalista na Mata Norte de Pernambuco

Na Mata Norte de Pernambuco, a paisagem é marcada historicamente pelos latifúndios de cana-de-açúcar. Agora, no horizonte verde monocromático da cana, cortado pelas curvas das estradas de barro, ganham força as megas estruturas dos linhões de transmissão de energia eólica e solar. Essa estratégia de transição energética deixa um rastro de destruição socioambiental, levando a um aprofundamento da miséria rural. De maneira ainda silenciosa, as corporações capitalistas implementam o extrativismo verde camuflado de desenvolvimento sustentável.

Além disso, um intenso processo de apropriação de terras força as agricultoras a perderem parte significativa de suas propriedades. Pior ainda é o impacto em seu modo de vida, pois elas não podem semear a terra em períodos chuvosos, prejudicando a produção agrícola de subsistência.

Grupo de Danças Flores Belas

Diante desse cenário, o Festival Rompendo Cercas surge como uma resposta à devastação capitalista. Desde sua primeira edição, o festival tem promovido a auto-organização comunitária. Em 2024, o evento atraiu um público de 350 pessoas, oferecendo atrações musicais, incluindo Bell Puã, Coco do Catucá, Styllo de Boyzinho, Maracatu Pavão Dourado, DJ Boneka e o grupo de danças Flores Belas, que trouxeram uma rica diversidade cultural e animaram o evento, fortalecendo ainda mais o espírito comunitário.

Bell Puã
Dj Boneka
Styllo de Boyzinho
Coco do Catucá

Foram realizadas sete oficinas (duas de Plantas Medicinais, uma de Bio construção, duas de Fotografia e duas de Serigrafia Artesanal) e atividades internas de capoeira angola com Mestre Jair do Quilombo Semear. Tivemos uma participação direta de 77 educandas/os.

Oficina de Bio construção
Oficina de Plantas Medicinais
Oficina de Fotografia
Oficina de Serigrafia

Através das oficinas, as comunidades de Belo Oriente, Araçoiaba, Chico Mendes I, Nova Canaã  tiveram contato com técnicas de estamparia artesanal, plantas medicinais,  e bio construção, impactando diretamente dezenas de famílias da região. O Festival também gerou movimentação econômica local, com a feira de artesanato e produtos locais, beneficiando mais de 20 pequenos produtores e artesãos. 

Ferinha de Artesanado
Exposição de Fotos projeto Meu Quilombo

Além dos números, o impacto do Festival Rompendo Cercas se reflete nas histórias das pessoas que participaram. Agricultoras que conectam-se com práticas ancestrais, jovens que encontraram novas formas de expressão artística e famílias que reforçaram seus laços com a terra e o território.

Equipe do Festival Rompendo Cercas II Edição

Gostaríamos de expressar nossa gratidão a todos que tornaram o Festival Rompendo Cercas possível. Agradecemos especialmente aos nossos parceiros e financiadores, cuja colaboração e apoio foram fundamentais para o sucesso do evento. Nosso reconhecimento vai para todas as pessoas que dedicaram tempo e paixão para o sucesso do Festival, dentre elas: Luiza Cavalcante (coordenação geral), Nzinga Cavalcante (logística), Lenne Ferreira e Dri Martins da Aqualtune produções (produção executiva), Luis Soares (coordenação pedagógica), Gus Cabrera (coordenador de comunicação), Melinda Lima e Alice Silva (comunicação e redes sociais), Diego Amorim (designer), Jô Rodrigues (administrativo), Laurenice Cavalcante, Edna Santos, Cibelly Albuquerque e Andreane Ferreira (equipe de alimentaçao), André Siqueira (motorista), Júlia Araújo, Lúcia e Neide (serviços gerais), Isaac, Felipe e Juli (equipe de seguranças), Amokachi (roadie), Maira Bruce (decoração), José de Farias Gonçalves – Deinha e Sebastião Vicente da Silva (trabalhadores rurais) dentre tantas outras pessoas, que foram essenciais para o impacto positivo que alcançamos.

O Festival Rompendo Cercas é uma confluência  de esperança e um chamado à ação coletiva para a construção de um futuro afroecológico. A união e a resistência das comunidades rurais e urbanas são fundamentais para enfrentar as ameaças impostas pelo colonialismo, e o festival demonstra que, juntas, é possível transformar a realidade.

Parceiros:

  • Mandato Dani Portela
  • Mandato Rosa Amorim
  • Associação Kapiwara
  • Sebo Livro Aberto
  • ASSECO – Belo Oriente
  • Prefeitura de Tracunhaém-PE (e suas diversas secretarias)
  • Pousada Rota do Pilão
  • Sindicato dos Servidores Judiciários – PE
  • Teia dos Povos – PE

Incentivo: 

  • Funcultura
  • Fundarpe
  • Secretaria de Cultura de Pernambuco
  • Governo de Pernambuco

Nosso mais profundo agradecimento a todos por fazerem parte desta jornada transformadora. Juntos/as/es, estamos construindo um futuro mais justo e sustentável para todos.

Obrigado a todos por fazerem parte dessa transformação.