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Considerações sobre as energias “limpas”

Considerações sobre as energias “limpas”

Após ouvir as “Vizinhas das torres”, refletimos sobre esse megaempreendimento de energias ditas “limpas”. A instalação da LT e suas torres em assentamentos da reforma agrária deveriam, ao menos, passar por uma consulta prévia com os/as agricultores/as e com o órgão federal responsável pelas terras, o INCRA. Como vimos nos depoimentos, em nenhum dos casos houve comunicação com as famílias que foram atingidas indiretamente. Se a falta de informação é uma constante, o desconhecimento dos/as vizinhos/as sobre possíveis impactos socioambientais é muito preocupante.

Mapa das “Vizinhas das torres” nos assentamentos Chico Mendes I e Nova Canaã, Tracunhaém (PE)

Outro problema é a negociação individual das empresas com os proprietários das parcelas. Essa estratégia empresarial de negociação dos supostos benefícios, como a indenização paga pelo uso das terras pelas torres, para poucos moradores, fragiliza ainda mais os vínculos comunitários. No caso do Complexo Prado, quatro famílias foram atingidas diretamente pela instalação das torres e da LT. A família do Sítio Ágatha foi a única que apresentou questionamentos à empresa, demanda por informações sobre o uso da terra, reclamações pelo desmatamento, pela erosão e pelos lixos deixados pela instalação da torre.

A geração de energia eólica é uma das estratégias para o Brasil atingir as suas metas de desenvolvimento sustentável. Porém, “renovável” não significa inofensivo à natureza. Os morcegos e as aves, por exemplo, são encontrados mortos no perímetro das linhas de transmissão. Por fim, a perspectiva é que a geração de energia eólica vá se tornando cada vez mais estratégica para o desenvolvimento do Nordeste, fragilizando a regulamentação e a fiscalização ambiental desses megaempreendimentos. A construção de parques eólicos na Região impacta os assentamentos da reforma agrária e os modos de vida do campesinato negro, porém não há legislação ambiental para a conjugação desses fatores. Então, necessita-se da criação de uma legislação específica para a manutenção e a sobrevivência das comunidades rurais, assentamentos, quilombos e indígenas afetadas por esse tipo de empreendimento energético.

Vídeos sobre a temática das energias “renováveis” e a instalação de parques eólicos

Documentário Vento Agreste
Web-série “Para quem sopram os ventos?”
Ventos do Delta