Territórios em Resistência: Uma Crítica à Transição Energética Brasileira
Editorial
Em janeiro de 2025, o Sítio Ágatha inicia a série “Territórios em Resistência: Uma Crítica à Transição Energética Brasileira“. Publicados quinzenalmente até abril vermelho, os textos assumem uma postura crítica sobre a transição energética no Brasil, ancorados em nossa atuação local, regional, nacional e internacional no enfrentamento das desigualdades geradas por esse modelo.
A série denuncia como o discurso de transição energética tem sido usado para legitimar a exploração de territórios rurais, aprofundando desigualdades e precarizando comunidades que historicamente preservam e produzem riquezas. Exemplos disso são as violações enfrentadas nos assentamentos do Complexo do Prado, na Mata Norte de Pernambuco, onde a instalação de linhas de transmissão expropria terras, destrói ecossistemas e ignora os modos de vida locais.
Com base em relatos de moradores, dados coletados em campo, pesquisas e nossa experiência acumulada, os textos abordarão temas como apropriação de terras, impactos socioambientais e a exclusão intencional das comunidades nas decisões que afetam seus territórios. O objetivo não é apenas expor as injustiças, mas também questionar os interesses políticos e econômicos que sustentam esse modelo energético.
O que se apresenta como transição energética é, na prática, uma concentração de terra, poder e riqueza nas mãos dos grandes capitalistas nacionais e internacionais, enquanto comunidades racializadas arcam com os custos econômicos, sociais, ambientais e culturais. O uso de narrativas como “sustentabilidade” e “energia limpa” camufla as violências estruturais desse sistema, tornando urgente desmascarar e enfrentar esses discursos.
Além de denunciar as contradições do projeto de transição energética do governo brasileiro e de Pernambuco, “Territórios em Resistência” evidencia as estratégias de luta e organização coletiva das comunidades. Nos assentamentos rurais, por exemplo, as famílias continuam mobilizadas, reivindicando seu direito à terra e à autonomia, enfrentando tanto as corporações quanto a omissão estatal.
Esta não é uma série neutra: é um posicionamento contra a lógica de exploração do extrativismo verde. É um convite para refletir criticamente, reconhecer os impactos e agir. O futuro da energia não pode ser construído às custas das vidas e dos territórios de quem sempre sustentou o país.
O Sítio Ágatha reafirma seu compromisso com a luta por dignidade e autonomia das populações tradicionais e rurais. Acompanhe os textos, engaje-se nesse debate e fortaleça a resistência. Apenas com organização e mobilização coletiva será possível frear esse modelo injusto.